Do Brasil para o Mundo
- Victor Lima
- 27 de mai. de 2020
- 4 min de leitura
Cinco meses depois de comprar a minha primeira câmera fotográfica e começar a estudar os conceitos básicos da fotografia, eu resolvi fazer a minha primeira viagem fotográfica e colocar em prática, na natureza, os meus recém adquiridos conhecimentos sobre Fotografia de Longa Exposição. O destino escolhido foi o Salto Corumbá, que é uma cachoeira de cerca de 70 metros de altura que fica dentro de uma propriedade particular situada no município de Corumbá de Goias/GO, distante 116 km de Brasília.

O acesso ao Salto Corumbá é feito por uma trilha de nível fácil, margeando o Rio Corumbá. Ao longo da trilha, o contato com a natureza é um presente para aqueles que, como eu naquela época, vivem nas grandes cidades e alheios a tudo isso. Ao longo do caminho, eu ia testando os meus equipamentos e as técnicas de longa exposição utilizando Filtros de Densidade Neutra (ND). Com estes filtros, que funcionam como um óculos de sol para as lentes das câmeras, é possível aumentar o tempo de captura das imagens e assim conseguir efeitos de movimento nos elementos móveis da cena capturada.
Chegando ao final da trilha damos de cara com uma linda cachoeira e que permite aos visitantes tomar banho aos seus pés. Ali se forma uma piscina onde crianças e adultos desfrutam do frescor das águas do Rio Corumbá por horas e horas.
Isso é maravilhoso para os banhistas mas, teoricamente, péssimo para que quer capturar imagens de uma cachoeira. Foram algumas horas no local - que por ser feriado estava cheio de turistas - até eu perceber que tinha, de alguma forma, que tirar proveito das pessoas que estavam aos pés da cachoeira para dar senso de escala para aquela cena impressionante.
Eu fiz diversas capturas para ajustar a composição e quando percebi que alguns rapazes pararam bem no centro da cena para admirar os 70 metros de queda d'água, percebi que tinha conseguido o que estava buscando, uma bela imagem do Salto Corumbá com as suas águas fluindo como se fossem um véu-de-noiva, além da inclusão dos observadores aos seus pés para dar senso de lugar e de escala para a cena.
Depois desse dia fantástico em contato com a natureza, retornei para Brasília feliz com os resultados que havia obtido em termos de fotografia. Impaciente, imediatamente após chegar em casa já passei as imagens para o computador e parti para o tratamento no Lightroom. A imagem acima foi a melhor do dia e tratei de publicá-la no YourShot, que é a rede social de fotografia da National Geographic Global. Logo que publiquei a imagem comecei a receber diversas curtidas e comentários favoráveis da comunidade sobre a mesma. Fiquei feliz!!!
Alguma semanas depois, a National Geographic lançou um concurso internacional de fotografia, através do YourShot, para escolher, pela primeira vez na história da NatGeo, uma imagem para a capa de uma das suas revistas, feita por um fotógrafo leitor e não por um fotógrafo contratado por eles. Uma vez que a imagem faria a capa da edição especial "Best of the World" da revista National Geographic Traveler, eles buscavam imagens que tivessem um forte senso de lugar e que fizessem o leitor querer estar ali, naquela cena retratada. Além disso, eles recomendavam que a imagem fosse preferencialmente no formato retrato ou vertical.
Depois de ler essas premissas, pensei imediatamente na minha foto do Salto Corumbá. Ela se adequava perfeitamente às recomendações dos editores de fotografia da NatGeo. Fiz a inscrição dessa e de mais outras duas imagens no concurso mas sabia que essa era a imagem mais forte que eu tinha naquele momento.
Foram 34000 inscritos de todo o mundo nesse concurso, dentre eles alguns embaixadores da Sony, Nikon, Canon e etc. Num primeiro momento eles escolheriam 15 finalistas que teriam as sua imagens publicadas no YourShot. Para a minha surpresa e alegria, a minha imagem do Salto Corumbá foi escolhida entre as finalistas do concurso. Eu era só alegria, afinal, foi a minha primeira fotografia de uma cachoeira feita na vida, apenas 5 meses depois de ler a primeira linha sobre fotografia.
O próximo passo era saber qual seria a imagem vencedora desse concurso, o que somente seria revelado com a chegada da revista à bancas, em dezembro/15. Foram várias semanas de muita ansiedade até que, à véspera do lançamento mundial da revista, recebi uma ligação do QG da NatGeo em Washington, quando vários editores de fotografia da National Geographic me surpreenderam com a notícia de que a minha imagem tinha sido a vencedora do concurso e que estaria na Capa da NatGeo Traveler para o mundo todo.
Ao receber a tão sonhada notícia, o meu coração disparou e quase saiu pela boca, literalmente! Foi muita felicidade e eu mal podia acreditar que aquilo que eu estava vivendo era verdade. Os editores fizeram muitos elogios à minha imagem e mostraram-se extremamente surpreendidos por saber que eu havia feito aquela imagem apenas 5 meses após começar a ler sobre fotografia. Disseram também que muitos fotógrafos profissionais passam as suas vidas tentando colocar uma imagem na capa da National Geographic e não tem sucesso. Eles também me aconselharam a valorizar essa conquista sim, mas continuar estudando e evoluindo, fazendo valer a visibilidade que eu alcançaria mundo afora com a revista.
Depois da honra de ter a minha imagem na capa da NatGeo Traveler, eu resolvi me colocar à prova como fotógrafo e planejei uma Expedição fotográfica para o Deserto do Atacama, onde passaria vários dias fotografando o deserto mais alto e mais árido do planeta. Será que eu conseguiria produzir um material fotográfico profissional e obter bons resultados com esse trabalho?
Ficou curioso(a)?
Então não perca o meu próximo post aqui no Blog!
No próximo post eu vou contar para você tudo sobre a minha expedição fotográfica pelo Atacama em 2016 e os resultados desse projeto.
Obrigado e até a próxima!!!
Victor Lima
I love Photos.